Transfobia Mata
- Fernando Tavares
- 12 de ago. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de ago. de 2024

Foto: Divulgação/Internet
Socos, chutes, chineladas, pedradas e pauladas foram as últimas agressões que Dandara dos Santos, de 42 anos, sofreu. Seu corpo foi brutalmente espancado e torturado por 12 homens, entre adolescentes e adultos.
Um crime executado em 2017, em plena luz do dia, para que todos vissem a crueldade do preconceito. Um espetáculo onde a crueldade não precisava de cortinas, um crime brutal ao ar livre, sob o sol escaldante do Ceará. Um carrinho de mão serviu para carregar o corpo ensanguentado e ferido.
Após diversos insultos e agressões, sentada no chão, Dandara implorava para que cessassem com tamanha crueldade. Suplicava para que aquele momento terminasse. Palavrões, gritos e súplicas ecoavam pela rua, mas ninguém fez nada. Seu sangue escorria a cada paulada, pedra e chute que seu corpo recebia.
Por que não houve ajuda? A humanidade nas pessoas é seletiva? Um corpo de uma travesti vale menos? Conforme dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), 145 pessoas transexuais e travestis foram assassinadas em 2023.
O Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais e travestis no mundo (ANTRA). Dandara foi humilhada e executada em público, e ninguém fez nada para ajudá-la. Após ser torturada, ainda levou dois tiros no rosto e, em seguida, foi jogada em uma viela, como um cachorro morto.
Nomes como Dandara, Keron Ravach, Milena Massafera e Nicolly Xavier se somam a uma lista de vítimas do ódio e do preconceito. Cada um desses nomes representa histórias de vida, mulheres, cidadãs com direitos e sonhos, cujas vidas foram ceifadas pela transfobia.
Devemos exigir políticas públicas que promovam a inclusão e o respeito. Pessoas trans querem ser respeitadas nas escolas e ter a oportunidade de permanecer até o ingresso na faculdade.
Precisamos ter mais mulheres transexuais e travestis ocupando espaços de autoridade. Não devemos ter mais Dandaras mortas brutalmente. O Brasil precisa oportunizar lugares para essas mulheres, para que em breve existam mais Erikas Hilton ocupando espaços de poder e glória, honrando a memória daquelas que abriram caminhos para todas serem quem quiserem ser.
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