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Por que mesmo após 43 anos de lançamento o filme “Eu, Christiane F. 13 anos, Drogada e Prostituída” é impactante?

Atualizado: 22 de ago. de 2024

Mais atual do que nunca, o longa propõe uma reflexão importante sobre a realidade do mundo das drogas entre menores de idade.

Natja Brunckhorst interpretando Christiane F.


A adaptação do Best-Seller com mesmo nome ‘Eu, Christiane F. 13 Anos, Drogada e Prostituída’ se tornou um clássico cult dos anos 80. Dirigido e roteirizado por Uli Edel, lançado em 1981, o filme foi proibido em diversos países e causou polêmica onde conseguiu ser exibido por retratar com fidelidade a história trágica de Christiane F, uma garota de 13 anos de idade que se prostituiu para comprar drogas em Berlim, no final dos anos 70. 


O longa é uma adaptação cinematográfica da biografia escrita pelos jornalistas Kai Herrmann e Horst Rieck, lançada em 1978, com a colaboração de Christiane F. A dupla de jornalistas estavam investigando a prostituição de menores em Berlim para escrever uma reportagem na revista alemã onde trabalhavam. Eles assistiram um julgamento onde um pedófilo estava sendo processado por manter meninas menores de idade em sua casa, oferecendo comida e abrigo em troca de relações sexuais e heroína. 


Christiane F. estava presente no tribunal, e o depoimento dela chamou a atenção dos repórteres. Intrigados pelo relato da jovem, eles aprofundaram a pesquisa e transformaram as descobertas em uma biografia, que se tornou a base para o filme. A entrevista, que era para ser apenas um relato para o jornal local, acabou virando o best-seller “Eu, Christiane F, 13 anos, drogada e prostituída”. O livro vendeu mais de cinco milhões de cópias em todo o mundo e catapultou a jovem à fama. 


Christiane F. (1983)


Em uma entrevista, ela afirmou: “A heroína é parte de quem eu sou; como poderia me arrepender? Ela me fez rica e famosa. Viajei no jatinho do David Bowie, tudo graças a ela.” 


Naquele período, a jovem alemã se tornou um ícone da cultura pop e desencadeou um importante debate sobre o uso de drogas entre os jovens e principalmente sobre menores de idade em Berlim no final dos anos 70. Tanto o livro quanto o filme foram importantes para que o país percebesse a realidade da Alemanha, onde jovens menores de idade estavam se vendendo para alimentar o vício em drogas. Um dos pontos levantados pelo livro e filme são as relações das crianças com predadores sexuais, eles se aproveitavam do vício dos jovens para alimentar seu desejo sombrio. 


Quem é Christiane F.?


Enquanto a Alemanha vivia sob a constante ameaça de um conflito com os Estados Unidos, simbolizada pelo muro que a dividia, Christiane Vera Felscherinow nasceu em 20 de maio de 1962, na cidade de Hamburgo.


Aos seis anos, ela e a família se mudaram para Berlim, marcando o início de uma nova fase difícil para a menina. Com um pai abusivo e a separação dos pais, a jovem encontrou o afeto que lhe faltava em festas e no uso de drogas, buscando consolo em um ambiente cada vez mais instável.


Aos 10 anos, Christiane F. já explorava sozinha todos os cantos da cidade e se juntou a um grupo de amigos menores de idade que também usavam drogas. No início, ela evitava bebidas alcoólicas e substâncias, buscando apenas o carinho e a aceitação das pessoas ao seu redor.


Christiane F aos 13 anos


Com o tempo, a garota junto ao grupo de amigos começaram a frequentar a balada mais famosa de Berlim, a Sound. Foi lá que ela teve seu primeiro contato com drogas e também com a música, especialmente com David Bowie, que se tornou seu ídolo. Aos 13 anos, a garota já era figura carimbada da boate Sound e nos corredores barulhentos do lugar, lá escutou sobre a nova droga da época: a heroína. 


De início, ela ficou receosa, mas após ver o namorado Detlef, de apenas 13 anos usando, achou que seria legal os dois curtirem a experiência juntos no show do ídolo.

O desejo constante pela droga fez com que ela começasse a cometer pequenos assaltos para conseguir bancar a heroína. Quando os furtos eram insuficientes, a jovem começou a vender o corpo para sustentar o vício.


Prostituição


Em sua biografia, retratada no filme, Christiane relatou que, na época, ela e o amigo se prostituíam para conseguir dinheiro para a heroína. No início, ela era bastante seletiva com os clientes e se limitava às preliminares. No entanto, à medida que o vício se intensificava e ela precisava se "picá três vezes por dia", Christiane começou a aceitar qualquer pessoa que a procurasse, inclusive estrangeiros pedófilos que buscavam menores de idade para relações sexuais.


Seu tempo como prostituta durou um ano, não porque ela quisesse mudar de vida, mas porque, em 1977, uma briga grave com Detlef a expulsou da casa que compartilhavam. Sem rumo e sem alternativas, Christiane foi às ruas em busca de trocados para sustentar o vício, que era a única coisa que lhe importava naquele momento.


Ela não esperava que a polícia a prendesse e a acusaria de tráfico e consumo de substâncias ilícitas. Contudo, um golpe de sorte surgiu quando dois jornalistas souberam de sua história e lhe ofereceram a oportunidade de dar uma entrevista.


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